Conservar a biodiversidade e reminescências de Mata Atlântica. Com esses objetivos foi criada, por meio de decreto estadual em 1998, a APA de Aratanha. A unidade compreende pedaços de Pacatuba, Maranguape e Guaiúba, especificamente os trechos a partir de 200 metros de altura, com ênfase na faixa de mata úmida, a partir dos 300 metros de altitude.
Área de Proteção Ambiental da Serra de Aratanha
No local são proibidas atividades potencialmente poluidoras ou degradantes, a despeito da atividade de mineração que deixa marcas, visíveis a quilômetros, nas serras de Pacatuba e Maranguape. O resguardo da APA é de responsabilidade da Superintendência do Meio Ambiente do Ceará (Semace), que conta com um efetivo de dois fiscais, incluindo a direção, para fiscalizar o terreno de 6.448 hectares.
De acordo com levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, a área da vegetação desmatada de 2015 para 2016 no Ceará cresceu 149%, mais de 90 mil m². A perda foi registrada nas duas regiões com Mata Atlântica no Ceará, o Complexo da Aratanha e o Maciço do Baturité - a primeira APA criada no estado.
Quem faz a APA
Maranguape
Ao norte do estado está Maranguape. Pertencente à Macrorregião Metropolitana de Fortaleza, a cidade é dividida em dezesseis distritos: Amanari, Antônio Marques, Cachoeira, Itapebussu, Jubaia, Lages, Lagoa do Juvenal, Manoel Guedes, Papara, Penedo, São João do Amanari, Sapupara, Tanques, Umarizeiras e Vertentes do Lagedo. Apesar de não ser um grande município - sua extensão territorial é de apenas 590,8 quilômetros quadrados - Maranguape possui muito dentro de si.
A história de Maranguape começa no século XXVII, quando a expedição de Matias Beck chegou à morada dos índios potiguaras atrás de prata no Monte Itarema, que nós conhecemos atualmente por Serra da Aratanha. Apesar da descoberta precoce, o Alto da Vila - nome à época - ainda teria que tornar-se na Outra Banda e finalmente no Maranguape, até ser efetivamente habitada dois séculos depois pela influência de Joaquim Lopes de Abreu. O português recebeu as sesmarias maranguapenses do governo, logo ruelas se formaram ao redor do Pirapora e assim nasceu o Maranguape que nós conhecemos hoje.
Em 1875, a Estrada de Ferro de Baturité foi levada até o município, impulsionando o plantio de café na região. No século XIX, a renda maranguapense vinha da agricultura, tendo banana, café e laranja como seus produtos principais, impulsionando também a economia na serra, pois o cultivo acontecia no alto da Serra de Maranguape. A desativação da estrada de ferro em 1963 enfraqueceu a economia cafeeira, junto com a criação da CEASA de Maracanaú, que traz os produtos de outras regiões do estado. Por fim, a industrialização do município deu o tiro de misericórdia na agricultura, fazendo com que os habitantes da serra descessem atrás de sustento, causando um esvaziamento quase completo do território da Rajada e da Serra do Derretido.
Maranguape possui grande potencial turístico. Além das trilhas em direção ao Pico da Rajada, o Museu da Cachaça e o Ypark, ambos do grupo Ypióca, localizam-se no entorno do município. O Cascatinha Balneário & Chalés é o único balneário da região metropolitana que funciona até hoje desde a sua inauguração. O apelo esportivo também chama turistas para a cidade com o Maranguape Futebol Clube e o Estádio Moraisão.
Pacatuba
No tupi, Pacatuba significa terra abundante em pacas. Seja pelo anos de ocupação humana, seja pelos seus hábitos noturnos, não é fácil avistar pacas - pequenos roedores levemente assemelhados às capivaras - na Serra da Aratanha, muito menos nos outros três distritos que compõem o município: Conjunto Senador Carlos Jereissati, Pavuna e Monguba.
A cidade já foi bem maior. Há mais de trezentos anos o território pacatubano é ocupado pelos desdobramentos da colonização europeia, e há mais tempo ainda é habitada pela tribo indígena dos pitaguaris, ainda hoje encravados no distrito de Monguba. Durante esse tempo, os limites fronteiriços de Pacatuba foram alterados mais de uma vez.
Primeiro, o município tornou-se independente do vizinho Maranguape. Mais de um século depois, já na década de 80, viu o distrito de Guaiúba ser elevado a municipalidade. Já nos anos 90 foi a vez do distrito de Itaitinga virar cidade. Mas os ventos separatistas não apartaram as interdependências das três cidades, vinculadas, por exemplo, através da comarca judiciária em Pacatuba.
A cidade está intrinsecamente inserida no contexto histórico colonial e imperial. Cultivou do café, abrigou barões, acorrentou escravos para a seguir libertá-los, como terceira cidade do Brasil a aprovar a alforria. Foi a primeira vila da Província do Ceará a receber a estrada de ferro da Companhia Cearense da Via-Férrea de Baturité, conectada a Maranguape e, a seguir, à Fortaleza, para escoar a produção cafeeira.
Hoje, sua história permanece de pé, bonita às vistas, em charmosas construções típicas do Império do Brasil - mas o município olha para a frente. Integrado à Região Metropolitana de Fortaleza, Pacatuba é a décima primeira economia do estado e destaque no ramo têxtil. Atualmente, a produção agrícola na serra representa apenas 5% da economia do município.
Guaiúba
O município de Guaiúba foi emancipado em 13 de março de 1987 da cidade de Pacatuba. Hoje, ele possui uma área geográfica de 267km² e pertence à região metropolitana de Fortaleza e ao Polo Serra de Guaramiranga. A localidade que possui cerca de 26.000 habitantes, hoje é dividida nos distritos de Água Verde, Itacima, Dourado, Baú, São Jerônimo e Morenos. Os dados do IBGE mostram que a região apresenta 19% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 58.8% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 4.9% de domicílios urbanos próximos a ruas e avenidas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio).
Guaiúba tem dois significados, o primeiro quer dizer: "por onde vem as águas do vale", traduzido do tupi-guarani pelo escritor José de Alencar. Na segunda versão, significa "bebida de lagoa".
A história das terras onde hoje se localiza Guaiúba foram doadas no século XVII, mas o donatário não foi tomar posse. Não há dados quanto a ocupação do espaço do século XVIII. O povoamento efetivo da localidade aconteceu no início do século XIX, graças ao fazendeiro Domingos da Costa e Silva que inseriu a cultura do café.
Em 1872 foi inaugurada a Estrada de Ferro de Baturité, em Guaiúba, construída uma estação de trem e, próximo à estação ferroviária, desenvolveu-se o centro comercial e político da cidade. Ao contrário do que aconteceu em outros municípios que se desenvolveram ao redor da igreja.
115 anos depois acontece a emancipação de Pacatuba que já dura 30 anos. Porém, outras vezes, o município havia tentado se emancipar, nos anos de 1960 e 1968.
O verde presente por todo o território de Guaiúba dá um ar interiorano elegante à cidade. O casarão da água verde, localizado na CE-060, que corta o município, atrai muitos olhares devido às lendas urbanas que são contadas sobre o local. Além disso, as lagoas, as serras e a calmaria são atrativos para quem procura um lugar para descansar.
- Italo Lucas
- Leonardo Igor
- Andressa Gonçalves
Izaura Lima, gerente da APA
Izaura Lima, gerente da APA
Izaura Lima, gerente da APA
Cláudio Henrique, agrônomo da Prefeitura de Pacatuba